A suspensão de aulas presenciais, por causa da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), traz consequências mais graves para os alunos pobres: segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), ficar longe da escola os expõe a riscos maiores de violência física e psicológica, exploração sexual e abandono dos estudos.
No entanto, o estágio em que o Brasil está, com curva ascendente no número de casos de Covid-19, impossibilita a volta às aulas em um curto prazo. E, mesmo quando os colégios puderem reabrir, surgirá outro problema: as recomendações sanitárias para que o processo ocorra de forma segura são incompatíveis com a realidade de parte das escolas públicas.
Funcionária desinfeta mesa de escola fechada como precaução contra o Covid-19 em Beirute, no Líbano. Países em outros estágios da pandemia retomam, aos poucos, o funcionamento dos colégios.
Em países nos quais o número de casos da doença já retrocedeu, a retomada das atividades escolares ocorre gradualmente, seguindo protocolos rígidos de higiene.
Mas, no Brasil, diante de salas de aula lotadas, como manter uma distância segura entre os alunos? Sem água ou esgoto encanado, como reforçar a lavagem de mãos? Com professores dando aula em mais de um colégio, para complementar a renda, como instituir reforços escolares no contraturno?
Nesta reportagem, veja as medidas necessárias para que a reabertura das escolas ocorra e a dificuldade em implementá-las no Brasil. A defasagem de conteúdos é extensa, os danos emocionais deixados pela pandemia são significativos e a infraestrutura precária dificulta os cuidados de prevenção.
COMO DEVE SER A RETOMADA?
O número de casos de coronavírus no Brasil ainda está aumentando - o país já ultrapassou a Alemanha e a França no total de infectados. Mesmo ainda distante de um quadro de melhora, é preciso planejar como será a retomada das aulas presenciais.
Segundo relatório da ONG Todos Pela Educação, os órgãos públicos e os colégios já devem mapear quais serão as possibilidades de reposição de conteúdo, levando em conta a carga horária de trabalho dos professores, o espaço físico disponível e o acesso ao saneamento básico.
Abaixo, saiba quais os cuidados necessários para a reabertura das escolas, segundo especialistas ouvidos pelo G1 e documentos oficiais do Unicef e do Todos pela Educação.
1- Reforço na higiene
O Unicef afirma que devemos “aumentar a proporção de escolas com água potável”, além de implementar estações de lavagem de mãos, de ampliar o número de banheiros e de disponibilizar materiais de limpeza, como álcool gel. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a higienização das mãos é uma das principais formas de se prevenir da Covid-19.
Reabertura das escolas: um risco assumido diante do coronavírus
sexta-feira, 15 de maio de 2020